27 Out 2021, 14:19
Que bom que ela saiu dessa vida de programas, porque definitivamente não era a área dela.
Ano: 2016.
Parei meu carro na Avenida Lúcio Costa. Saio do carro e prossigo andando. O meu objetivo era encontrar a legendária Melony Vitória, que segundo boatos, começava a rondar aquela área.
Não havia uma alma viva na antigamente denominada "Avenida Sernambetiba". Poucas travestis. Contei três.
Depois de algumas idas e vindas, avisto Tharciane Silva "Thalita Ninfetinha" sentada num capô de um carro, olhando para o nada.
"Oi, Thalita?"
"Oi."
"Perdão, quanto é o programa?"
"150 no Motel"
"Chupa sem camisinha?"
"Chupo"
"Deixa gozar na boca?"
"Deixo."
Uma coisa que eu amo e que é insubstituível nos programas de rua, tanto com mulher como com travesti é ver a expressão da acompanhante ao conversar com você, que é um diferencial. Estava na cara dela que não iria fazer. Estampado no rosto dela. A resposta era positiva, mas a expressão era de ódio. Ela queria é me levar para o Motel e lá era só arrumar uma quizumba e ficar com a grana.
Falo para Thalita: "Obrigado, amor. Vou dar uma volta e daqui a pouco a gente se vê."
Thalita se levanta do capô do carro, com o celular em uma mão e a outra mão levantada em minha direção, ela fala não gritando, mas em um tom levemente alto:
"Não. Daqui a pouco, não. Eu faço se a gente for AGORA. Se a gente não for AGORA, eu não farei. Não adianta voltar aqui que eu não quero mais papo."
Respondi: "Ok, então não faremos." Virei as costas e fui embora.